Termino a série de textos sobre o tema “suicídio” com mais algumas considerações dado o número de pessoas que perguntam sobre assunto. Em primeiro lugar, como já escrevi em texto anterior, não creio que todo aquele que comete suicídio vá para o inferno. Não se pode usar o caso de Judas Iscariotes como exemplo porque ele foi para o inferno não porque se matou e sim porque não tinha Jesus em seu coração. Era ladrão (Jo 12.1-6) e traiu o Mestre vendendo-o por trinta moedas de pratas (Lc 22.3-6). Sansão cometeu o chamado suicídio heróico e nem por isso foi para o inferno. Ele o fez para salvar Israel da opressão dos Filisteus e seu nome está arrolado nos heróis da fé (Jz 16.23-31; Hb 11.32-34).
Em segundo lugar, há aqueles que cometem suicídio em decorrência de transtornos mentais como esquizofrenia e depressões severas. É sabido que quem sofre de esquizofrenia traz sofrimento não apenas a si, mas à família que o acompanha. Esquizofrênicos apresentam distúrbios tais que mudam completamente de comportamento. Se tornam apáticos, agressivos e confusos mentalmente. Apresentam alucinações, delírios, paranoias, desconfiança, entre outros. Segundo a OMS, 21 milhões de pessoas sofrem com a doença em todo o mundo. Apesar de tratável, a doença não tem cura. O esquizofrênico devido a seus delírios e paranoias pode tirar a própria vida. Como ficaria um crente piedoso que desenvolve a doença e devido a uma crise comete suicídio? Creio que não podemos ser severos e dizer categoricamente que esta pessoa está condenada.
Creio que a graça de Deus é suficiente para salvar uma pessoa que andou com Deus e que acabou desenvolvendo a doença e num surto terrível tirou a própria vida. Segundo a OMS, há cerca de 1.000.000 de suicídios no mundo. A maioria motivados pela depressão. Recentemente ouvimos alarmados o número de pastores que cometeram suicídio. Pastores que acometidos por depressão severa não suportaram as pressões ministeriais. Isto mostra que a depressão e o suicídio podem atacar crentes e não crentes; ateus e religiosos; ricos e pobres. Li uma frase de uma psicóloga cristã chamada Cynthia Miranda que disse que a maior resistência do cristão está na mente. Há muito preconceito e falta de esclarecimento no meio cristão sobre o assunto. Não são poucos aqueles que não vêem problemas em tomar medicamentos para pressão alta, diabetes, coração, dores de cabeça, etc, mas quando se fala de tomar medicamentos para depressão tem alta resistência. E há pastores que também pensam assim.
Pastores são chamados para cuidar de questões espirituais, já quando o assunto é clínico há pessoas mais capacitadas para tratar do assunto. Aquele que sofre com a depressão ou tem familiares que sofrem com o problema deve buscar ajuda especializada urgentemente. Não se deve brincar com o assunto. Particularmente não creio que os pastores que cometeram suicídio foram condenados eternamente. São homens piedosos que enfrentaram o último estágio da dor humana e que no momento de desespero não lidaram corretamente com a situação. Creio também que a graça de Deus é suficiente para salvá-los. Fecho o assunto com as seguintes observações:
1) O suicídio nunca será a melhor saída para os problemas da vida. Deus permite que enfrentemos adversidades para o nosso crescimento espiritual.
2) Quem crê em Jesus se torna santuário de Deus e o Senhor destruirá aquele que destruir o santuário de Deus (I Co 3.17). Cada caso será analisado pelo Eterno.
3) Elias foi um homem de Deus e pediu para si a morte durante seu quadro depressivo (I Rs 19.4). Deus cuidou dele, restaurou a alegria no coração do profeta e levou para o céu sem que Elias conhece a morte (II Rs 2.9-11).
4) Cuide não apenas de sua alma, cuide também de seu corpo e de sua mente. Viaje, passeie com a família, se alimente melhor, pratique exercícios, vá ao cinema, passeie no bosque, etc. Convide um amigo para uma boa conversa e um bom café.
5) E você pastor, tire sua folga semanal e tire férias. Lembre-se que a igreja não é sua, ela é do Eterno. Há pastores que se vangloriam de nunca tirar férias. Pastores que pensam assim estão pecando. É preciso dizer que o obreiro passa e a obra fica.
Nele que dia a dia leva o nosso fardo.