O médico norte-americano Joseph Bergeron, após passar 10 anos estudando sobre a morte na cruz, concluiu que, do ponto de vista médico, o sacrifício de Cristo representa algo muito maior do que é imaginado nas linhas dos textos bíblicos. “Foi a pior forma de morte imaginável”, disse Bergeron, autor de “A Crucificação de Jesus” (The Crucifixion of Jesus, em inglês).
“Os romanos já usavam o método três séculos antes de Jesus aparecer, então foi bem aperfeiçoado”.Bergeron refutou a ideia de que Jesus teria sido sufocado enquanto estava pregado na cruz, como é dito por alguns líderes religiosos. “Ele conversou com o apóstolo João e com os ladrões que também foram crucificados, por exemplo. Quando você está lutando pelo seu último suspiro, você não tem interesse em continuar uma conversa”, disse à CBN News. Apesar de ser um ritual de tortura e crueldade, na condenação à cruz, os romanos certificavam-se de que os crucificados não falecessem rápido. “Há referências literárias que mostram que muitos ficavam na cruz por uma semana. Quando você está sufocando, você não dura tanto tempo”, esclareceu o médico. “A crucificação foi uma morte lenta e torturante”.O
O SUOR DE SANGUE
Dada a angústia e ansiedade dos eventos que estavam por vir, a Bíblia relata que no Getsêmani Cristo havia suado sangue. O termo médico usado por Bergeron é “choque hemorrágico traumático”. “Para ser sincero, eu nunca entendi isso ou pensei que tivesse acontecido”, admitiu Bergeron. “Mas estudando a crucificação extensivamente nos últimos 10 anos, eu entendi que o suor de sangue realmente acontece. Houve poucos casos. Eles sempre acontecem antes de ferimentos graves ou ameaça de lesão, geralmente antes da execução. O suor de Jesus em gotas de sangue significa que ele entendeu completamente o que estava prestes a acontecer” disse ele.
AÇOITES E SURRAS VIOLENTAS
Cristo foi acusado pelos judeus de se autoproclamar ˜Rei dos Judeus” o que em termos políticos seria uma grave acusação de revolta contra o império. “Entenda que os romanos não gostavam dos judeus para começar. […]. Para essa pessoa cuja acusação foi basicamente uma insurreição política, nomear-se rei dos judeus teria aumentado sua raiva e piorado a surra”, comentou Bergeron. É possível notar que os soldados usaram a pena de açoites, o que provoca graves ferimentos que cortavam a carne. “Sua surra excedeu o que era típico para as vítimas da crucificação. Ele teve uma grande perda de sangue e ferimentos nos tecidos”. A gravidade dos ferimentos de açoites e surras, se revela na dificuldade para carregar a cruz porque neste trajeto ele começara a sentir os sinais do choque. “Todo mundo costumava carregar, mas Ele não conseguiu. Ele estava ficando fraco e entrando em choque naquele momento”, disse ele.
A CRUCIFICAÇÃO: UMA TORTURA INTENSA
Bergeron classifica a crucificação como “obscena”, devido à intensidade com que foi aplicada em Cristo. Ele explica que o choque em seu corpo foi tão traumático que sua morte foi mais rápida do que a média dos crucificados. “Esta é uma complicação muito séria, difícil de controlar, mesmo em centros de trauma modernos”, conta o médico. “Na época de Jesus, não haveria tratamento e sua morte seria rápida. Isso explica por que Jesus morreu tão rapidamente; em seis horas, em vez de dias”. O ritual da Cruz envolvia a colocação de pregos nas mãos e nos pés, deixando o crucificado com uma dor imensa, além de expor a corrente sanguínea à contaminações e infecções. A morte foi rápida em comparação com outras, mas foi da forma mais terrível.
Bergeron fica maravilhado com o nível de sacrifício. “Saber que Ele se tornou um ser humano e veio aqui para retificar nosso relacionamento como humanos com Deus, restaurar a comunhão com Deus, é uma coisa incrível”, destacou. O médico reconhece que é difícil lidar com todos os detalhes torturantes da morte de Cristo, mas acredita que informações como estas aumentam a devoção a um Deus disposto a descer à Terra e enfrentar tal dor e agonia, para que os humanos pudessem ser limpos de seus pecados ter acesso à eternidade.