Os 150 anos da Igreja Presbiteriana de Rio Claro

A Igreja Presbiteriana de Rio Claro é uma das mais antigas da IPB. Foi a 12ª  igreja presbiteriana fundada no Brasil, depois do Rio de Janeiro, São Paulo, Brotas, Lorena, Borda da Mata, Sorocaba, Santa Bárbara (Hopewell), Campinas, Petrópolis, Salvador e Rio Novo. Todavia, levando-se em conta que algumas dessas deixaram de existir ou se filiaram a outra denominação, chega-se à conclusão de que a Igreja de Rio Claro é a quinta com existência contínua na IPB, depois de suas congêneres do Rio de Janeiro, Brotas, Sorocaba e Salvador.

Os primeiros obreiros presbiterianos a visitarem a cidade, então localizada em rica região cafeeira, todos na década de 1860, foram o próprio Reverendo Ashbel Green Simonton, Francis J. C. Schneider, George W. Chamberlain, Alexander L. Blackford, Robert Lenington e José Manoel da Conceição. Porém, o privilégio da fundação do trabalho coube ao missionário português João Fernandes Dagama (1830-1906), natural da Ilha da Madeira, que chegou ao Rio de Janeiro com a família, vindo dos Estados Unidos, em outubro de 1870. Dois anos e meio depois, em 13.04.1873, ele organizou a “Igreja Presbiteriana do Rio Claro”.

O próprio Dagama registrou no livro de atas: “No dia 13 de abril de 1873, estando reunidos no sobradinho do Sr. Joaquim Teixeira das Neves não menos de 90 pessoas, sendo presente João F. Dagama, ministro do evangelho, e o Sr. Dr. Gaston, presbítero da igreja de Campinas, teve lugar a organização da igreja à qual foi dado o nome de Igreja Presbiteriana do Rio Claro. Nesta mesma ocasião celebrei a Santa Ceia do Senhor. Quatro pessoas fizeram publicamente a profissão de sua fé e receberam o batismo, e mais três pessoas foram recebidas por membros por meio de recomendação da Igreja de Brotas, e mais duas pessoas, fazendo o número atual dos membros desta igreja”.

A região e a igreja de Rio Claro foram palco de muitos acontecimentos notáveis na trajetória do presbiterianismo pátrio. Numa chácara próxima, às margens do rio Corumbataí, o Rev. Blackford, recém-chegado à capital paulista, conheceu em outubro de 1863 o padre José Manoel da Conceição. Rio Claro foi berço de personagens destacados como os Revs. Roberto Frederico Lenington (1871), Benedito Ferraz de Campos (1867) e Erasmo de Carvalho Braga (1877). Entre os primeiros presbíteros destacaram-se Severino José de Gouvêa (membro fundador da igreja de Brotas), seu filho Herculano Ernesto de Gouvêa (futuro pastor) e Joaquim Ribeiro dos Santos (pai do Coronel Joaquim Ribeiro). Em 08.01.1885, sob a liderança de D. Eulália Dagama, foi fundada na Igreja de Rio Claro a Sociedade de Senhoras Boa Esperança, a segunda agremiação feminina da IPB.

O profícuo ministério do Rev. Dagama estendeu-se por quase duas décadas. Nesse período, além de dar assistência a uma vasta região, ele também organizou as igrejas de Rio Novo (1873), Dois Córregos (1875), São Carlos (1875), Araraquara (1879), Pirassununga (1885) e Boa Vista do Jacaré (1891). Seus primeiros colaboradores em Rio Claro foram o colportor Bartolomeu Reviglio e os candidatos ao ministério João Vieira Bizarro e Manoel Antônio de Menezes, seu futuro genro. Na época da organização da igreja, o missionário também fundou uma excelente escola evangélica, na qual vieram a lecionar mestras e mestres de renome como Elmira Kuhl, Mary Parker Dascomb, Sophia Dale, João Ribeiro de Carvalho Braga, Alexandrina Braga e muitos outros.

O primeiro templo foi construído em 1886 e o atual em 1928. Nos seus primeiros quinze anos, a Igreja de Rio Claro pertenceu ao Presbitério do Rio de Janeiro. O concílio reuniu-se na cidade em 1875 e 1882. Com a criação do Sínodo Presbiteriano, em 1888, a igreja passou para a jurisdição do Presbitério de Minas. Em 1900, veio a pertencer ao igualmente célebre Presbitério Oeste de São Paulo. Com a jubilação do Rev. Dagama, a igreja experimentou uma série de pastorados breves com os Revs. Herculano de Gouvêa, Bento Ferraz, Lino da Costa, Manoel Alfredo Guimarães, João Francisco da Cruz, Baldomero Garcia, Manoel de Arruda Camargo e Salomão Barbosa Ferraz.

Seguiram-se então os pastorados mais extensos de Herculano de Gouvêa Júnior, (1917-1927), Renato Ribeiro dos Santos (1928-1932), José Carlos Nogueira (1934-1943), Pascoal Luiz Pitta (1944-1953) e Samuel Liberato (1958-1967). Em 1947, o antigo Presbitério Oeste de São Paulo foi desdobrado nos de Rio Claro e Araraquara, sendo instalado em Rio Claro o Sínodo Oeste do Brasil. No pastorado do Rev. Nephtali Vieira Júnior, transcorreu o centenário da igreja (1973), tendo sido oradores na ocasião o Dr. Eduardo Lane e os Revs. Benjamim Moraes, José Carlos Nogueira, Matheus Benevenuto Júnior e Boanerges Ribeiro, entre outros. A placa comemorativa foi descerrada pela Sra. Dorothy Menezes Wolf, neta do Rev. Dagama, e pelo Pb. Helvécio Gouvêa, filho do Rev. Herculano de Gouvêa. 

Damos graças a Deus pela longa e rica história da heroica Igreja Presbiteriana de Rio Claro, por suas notáveis contribuições ao reino de Deus. No transcurso do seu sesquicentenário, desejamos à querida igreja e ao seu pastor atual, Rev. José Geraldo de Souza, as mais generosas bênçãos do Altíssimo no prosseguimento de sua caminhada cristã.

Via Brasil Presbiteriano, texto de Alderi Souza de Matos