“Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (Gn 1.31a)”, no final de Gênesis 1 encerra-se a narrativa da criação e Deus relata que tudo o que havia feito era MUITO bom. E realmente é assim com tudo o que Deus faz, é muito bom, é perfeito. Nada pode fugir daquilo que Ele determina. Suas determinações, obras, planos e propósitos ocorrem por meio dos Seus decretos e nada pode fugir dos seus propósitos.
Uma vez sabedores que Deus é criador de tudo e todos, que nada frustra seus planos e nada ocorre sem o seu consentimento, surge uma questão: Se Deus é sabedor de tudo, o pecado é parte de seus planos? Ele é o criador do pecado?
Deus é onisciente (possui todo o conhecimento), Ele sabe de tudo, inclusive das variações. Porém, Ele não efetuou o pecado, mas Ele sabia que ele ocorreria. O pecado é a oposição da vontade de Deus, por isso é incompreensível e inadmissível pensar que Ele é o criador daquilo que se opõe a sua vontade. O plano de Deus em relação ao pecado é a Sua permissividade, ou seja, Deus permitiu que o pecado existisse.
Os decretos divinos, que são os meios que Deus executa suas obras possuem diversas características, vejamos elas:
Está fundamentado na sabedoria divina: Muitas coisas no plano de Deus não conseguimos entender, mas faz parte de um plano maior e perfeito (Ef1.11);
É eterno: “Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.Mateus 25.34”;
É eficaz: Não quer dizer que tudo da forma que ocorre é desígnio direto de Deus, mas que nada alterará seu propósito e tudo ocorrerá de forma a cumprir a vontade Dele (Is 46.10);
É imutável: “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído! Lucas 22:22”;
É incondicional: Deus determina não apenas o que vai acontecer, mas como irá acontecer (At 2.23); e
É todo abrangente: Inclui não apenas boas ações do homem, mas tudo o que acontece, não pode fugir dos seus propósitos.
Porém fora do meio reformado a doutrina dos decretos de Deus é muito pouco aceita, dizem que é inconsistente com a liberdade moral do homem. Pois se Deus decretou todas as ações do homem, então ele é obrigado a realizá-las, portanto, não é culpado. Porém a Bíblia ensina que o homem é livre e responsável pelos seus pecados (Gn 2.16-17).
Também se afirma que esta doutrina despoja o homem de todos os motivos para procurar a salvação, afinal, se tudo está nos decretos de Deus, nada que fizer o fará ser salvo e, do mesmo modo, nada que fizer fará perder a sua salvação. Porém Deus determinou que:
1) A regra de ação do homem é o evangelho; 2) Deus não decretou apenas o final, mas os meios também. Veja o exemplo de Paulo: todos iriam ser salvos se permanecessem no barco (Atos 27) e 3) Se os meios conduzem ao fim, isso incentiva o esforço.
Acima de tudo, os contrários a esta doutrina afirmam que ela faz de Deus autor do pecado. Se tudo é do propósito de Deus, Ele é o criador do pecado. Mas vemos com clareza na Bíblia que Deus é santo e proíbe o pecado. O pecado é consequência da ação do homem (Tg 1.13).
Por isso temos a certeza que as obras de Deus são perfeitas, assim como o seu Criador, porém o homem, com sua liberalidade, pecou e, com isso corrompeu a perfeição da obra.