Em Juízes 9.8-15 lemos sobre a parábola do espinheiro. Esta parábola, numa linguagem simbólica, fala sobre o governo do espinheiro sobre todas as árvores. As árvores tomaram a decisão de ungir para si um rei, que reinasse sobre todas elas. A primeira candidata ao reinado era a oliveira, mas esta escusou-se, dizendo que não deixaria seu óleo, estimado por Deus e pelos homens para ascender ao poder. Foram então atrás da figueira, rogando a ela que reinasse sobre elas, mas esta também recusou, dizendo que não deixaria sua doçura e o seu bom fruto para pairar sobre as demais árvores. Ato contínuo, as árvores recorrem à videira, apelando que ela reinasse sobre as demais árvores, mas esta, de igual modo, justificou-se dizendo que não deixaria seu vinho, que agrada tanto a Deus como os homens para reinar. Baldados todos os esforços, todas as árvores disseram ao espinheiro para vir e reinar sobre elas. O espinheiro respondeu às árvores que se elas o estavam ungindo para governar, todas elas deveriam vir e refugiar-se debaixo de sua sombra, mas se não viessem, do próprio espinheiro sairia fogo devastador para consumir até os cedros do Líbano.
Essa parábola enseja-nos quatro lições:
Em primeiro lugar, uma omissão perigosa. A oliveira, a figueira e a videira receberam um apelo de todas as árvores para que reinasse sobre elas. Mas, cada uma deu uma desculpa para fugir da governança. As árvores frutíferas e úteis foram consultadas para esse posto de liderança, mas todas se omitiram. Preferiram o conforto de sua posição do que os riscos da liderança. Ao recusarem a convocação, abriram espaço para o espinheiro governar. A omissão covarde dessas árvores boas, pavimentaram o caminho para a liderança de um arbusto ruim. Quando os bons se omitem e ficam em silêncio, os maus governam. É triste ser governado por um espinheiro. Um espinheiro nada produz, a não ser sofrimento. Onde o espinheiro reina, as pessoas sofrem e sangram.
Em segundo lugar, uma desculpa descabida. A oliveira declinou da sua convocação para o reinado, dizendo que não podia parar a produção do seu óleo, prezado por Deus e pelos homens. A figueira renunciou ao privilégio do convite, argumentando que sua doçura e seu bom fruto era motivo suficiente para continuar existindo e que não tinha aspirações mais elevadas. Já a videira justificou sua negativa à honrosa convocação, dizendo que o seu papel era produzir vinho, pois este é agradável a Deus e aos homens. Nenhuma árvore boa aceitou o convite para reinar. Todas declinaram. Suas desculpas pareciam plausíveis, mas eram descabidas. A omissão delas pavimentou o caminho para o espinheiro assumir o trono e trazer tanto sofrimento.
Em terceiro lugar, uma opção desastrosa. As árvores depois de baldados todos os esforços de buscar um rei, recebendo reiteradas negativas ao seu apelo, recorrem ao espinheiro, convocando-o a reinar sobre elas. Mas espinheiro não é árvore. Espinheiro não é plantado. Espinheiro não produz frutos. Espinheiro acicata os pés, fere as mãos, produzindo desconforto e sofrimento. Quando os bons renunciam a liderança, os maus passam a governar. Quando aqueles que podem ser úteis para seus irmãos, renunciam seu privilégio, abrem caminho para os espinheiros assumirem o governo. É uma tragédia ser governado por um espinheiro.
Em quarto lugar, uma ameaça mortal. O espinheiro não deu desculpa. Aceitou prontamente o convite para ser rei. Fez uma convocação para todas as árvores ficarem debaixo de sua sombra e engatou uma ameaça. Quem não vier será consumido pelo fogo. O espinheiro governa com ameaça e truculência. Não aceita oposição. Não tolera o contraditório. Seu governo é ditatorial. A única alternativa de seus súditos é a obediência cega. Submete-se ou morre!
Essa parábola é um grito de alerta à nação brasileira. Estamos diante de uma eleição que definirá o futuro de nossa nação. Que o espinheiro não reine sobre nós!
Devocional de Hernandes Dias Lopes