Leia: Romanos 1.14-17
A carta aos romanos é considerada a carta magna do cristianismo. É considerada o grande compêndio teológico do Novo Testamento. Foi escrita em Corinto no ano 58 d.C., durante a terceira viagem missionária do apóstolo Paulo, onde o mesmo passou o inverno na casa de Gaio (cf. Rm 15.26; 16.23-24). O tema central da carta é a justificação pela fé (cf. Rm 1.17). Entre os capítulos 1 a 11, Paulo trata de questões doutrinárias. Do capítulo 12 a 16, trata de questões práticas. No capítulo 12.12 lemos: “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes”(Rm 12.12).
Em algumas traduções lemos: “Alegrem-se na esperança…”. Gosto desta passagem porque nos mostra que a epístola aos Romanos tem um papel marcante na história sendo fonte de encorajamento, fortalecimento e transformação de vidas. Paulo quer encorajar seus leitores a colocarem sua esperança não nas coisas passageiras deste mundo, mas em Jesus Cristo. Quem mantém seu foco em Jesus, pode se alegrar mesmo diante das oposições, porque sabe que há um Deus que cuida de nós mesmo quando enfrentamos os vales. Sabe que a Palavra do Eterno não voltará vazia e o SENHOR fará o que lhe apraz. O contexto da epístola aos Romanos era de perseguição. Nos tempos do apóstolo Paulo, Roma era uma cidade cheia de pompa e orgulho. Roma se vangloriava de seus filósofos e suas filosofias. Também se vangloriava de sua riqueza e de sua cultura. Os judeus eram considerados ralés da sociedade sendo muitos deles escravos.
É neste contexto que o apóstolo Paulo apresenta sua mensagem. Você imaginou um homem judeu, fazedor de tendas, pregando a mensagem sobre um judeu carpinteiro que foi crucificado e ressuscitado? Parece constrangedor? Não para o apóstolo Paulo. A confiança de Paulo não estava em sua sabedoria ou conhecimento intelectual. Sua confiança estava no evangelho que é o poder de Deus para a salvação de todo o que Nele crê (Rm 1.16). Jeremias fala que a Palavra de Deus é fogo e martelo que esmiúça a penha (Jr 23.29). Foi na Palavra de Deus que grandes vultos da história encontraram esperança, especialmente na carta aos Romanos. O rev. Hernandes, em seu comentário sobre Romanos, traz curiosas histórias a respeito de personagens que se encontraram com Cristo ao ler a carta aos Romanos. Destaco aqui três: Martinho Lutero, John Wesley e Santo Agostinho.
O monge alemão agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), apesar de muito religioso, possuía muitas dúvidas em seu coração a respeito de sua salvação. Foi quando fez a leitura de Rm 1.17, que as dúvidas de seu coração dissiparam e ele encontrou encorajamento para deflagar a Reforma Protestante no dia 31/10/1517, afixando na catedral de Wittenberg as 95 teses contra as indulgências e desvios doutrinários da Igreja Católica. Lutero quis reafirmar que a salvação é obra de Deus e não poderia ser alcançada por obras humanas ou vendas de indulgências. O grande avivalista John Wesley (1703-1791), considerado o pai da igreja Metodista, enfrentou profundas crises sobre sua condição espiritual. Chegou até a duvidar de sua conversão. Em 1738, ele participou a contragosto de uma reunião de Morávios em Londres.
Ao ouvir a leitura do prefácio do comentário de Martinho Lutero sobre a carta aos Romanos seu coração ardeu em chamas, e partir daí, deu-se início ao grande reavivamento espiritual na Inglaterra no séc. XVIII. Santo Agostinho (354-430 d.C.) foi um grande líder religioso e erudito da África do Norte. Mesmo sendo religioso, viveu por muito tempo uma vida desregrada e se entregou ao sexo ilícito. Agostinho foi alvo das orações contínuas de Mônica, sua mãe. Um dia ele estava assentado num jardim de seu amigo Alípio chorando copiosamente. Ali, ouviu uma criança cantar numa casa vizinha: “Tolle, lege! Tolle, lege!” (Pega e lê! Pega e lê). Ao tomar o manuscrito do amigo que estava ao lado, seus olhos caíram nestas palavras: “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13.13-14).
Após a leitura ele confessou: “Não li mais nada e não precisava de coisa alguma. Instantaneamente, uma clara luz inundou meu coração e todas as trevas da dúvida se desvaneceram.” Ali mesmo Agostinho entregou seu coração a Cristo e até hoje seus textos influenciam gerações. A mensagem da cruz não é uma mensagem qualquer. É o poder de Deus que é capaz de transformar ricos e pobres, intelectuais e analfabetos, feiticeiros e bruxos, ateus e religiosos. É por isso que nós devemos nos alegrar na esperança.
Devemos nos apegar à esperança de que Deus está no controle da situação e que Ele levará a bom termo a Sua obra. Quero desafiar a você a se firmar nesta esperança. Alegre-se, Jesus tem o controle da história.