“Palavras do rei Lemuel, de Massá, as quais lhe ensinou sua mãe”
Provérbios 31.1
As mães são mestras do bem. As palavras da sabedoria e a instrução da bondade estão em seus lábios. Abraão Lincoln, o estadista americano, afirmou: “as mãos que embalam o berço governam o mundo”. As mães forjam o caráter daqueles que vão ascender ao poder e governar. O rei Lemuel, não apenas recebe instruções de sua mãe (Pv 31.1-9), mas, do topo do mundo, proclama esses conselhos para que todos aprendam. Quais foram esses conselhos?
Em primeiro lugar, cuidado com relacionamentos ilícitos (Pv 31.3). O poder, a riqueza e o prestígio de um rei atraem muitos relacionamentos ambiciosos e muitos reis perdem sua honra e abalam o seu reino por se entregarem à essas aventuras. Exemplo disso foi o rei Salomão. Ele se envolveu com muitas mulheres. Corrompeu o seu coração. Levantou altares pagãos para agradar essas mulheres e afastou-se do caminho da sabedoria. O jovem rei Lemuel não deveria dar às mulheres a sua força nem os seus caminhos a essas aventureiras sedutoras.
Em segundo lugar, cuidado com a embriaguez, pois um rei bêbado é uma tragédia (Pv 31.4,5). Os reis precisam estar sóbrios a todo tempo, pois constantemente estão tomando decisões importantes e a ausência de sobriedade provocada pela embriaguez tira desses governantes o discernimento necessário para agirem com sabedoria e misericórdia. Um governante alcoolizado, esquece-se da lei e perverte o direito dos aflitos. Em vez de defender o inocente, privilegia o culpado. Em vez de governar com probidade, promove a corrupção. Governança e embriaguez não andam de mãos dadas. O trono regado de vinho torna-se uma ameaça para o povo e um pesadelo para a nação.
Em terceiro lugar, alivie a dor do aflito (Pv 31.6,7). O texto não incentiva a distribuição de bebida forte aos que perecem e aos amargurados de espírito. A bebida forte e o vinho eram usados como anestésicos aos infelizes que eram condenados ou aos pacientes com dores atrozes. Nesse caso, o vinho e a bebida forte eram usados como remédio, para aplacar a dor e para atenuar o sofrimento das pessoas amarguradas. Não há, portanto, aqui, nenhuma contradição com os versos precedentes, onde o vinho é impróprio para reis que devem ter a mente lúcida para governar. Os amargurados de espírito devem ter alívio de seu sofrimento e esquecimento de seus dramas pessoais. Longe deste texto estar incentivando a embriaguez, está encorajando a prática da misericórdia àqueles que estão padecendo sofrimento atroz.
Em quarto lugar, seja a voz do mudo e o defensor dos desamparados (Pv 31.8). O governante precisa ser ativo na defesa dos desamparados. Precisa ser a voz do mudo, os olhos do cego e as pernas do aleijado. O rei precisa ser o advogado do pobre, o defensor dos órfãos e o protetor dos desassistidos. Estes precisam encontrar no governante um porto seguro, um lugar de abrigo e refúgio. Aqueles que governam devem fazer isso, não como uma política populista, para dar esmolas ao povo e se perpetuarem no poder. O rei não é dono do povo, mas servidor dele. O rei é ministro de Deus, para servir ao povo em vez de servir-se do povo.
Em quinto lugar, defenda a causa do pobre (Pv 31.9). Os reis não podem ser covardes na hora de tomar decisões em favor dos pobres e necessitados. Cabe-lhes a defesa da verdade e a prática da justiça. A omissão é um crime covarde quando os pobres e necessitados estão sendo oprimidos nos tribunais. O silêncio dos governantes pode custar a vida de inocentes e estrangular a esperança deles. O rei precisa abrir a boca e não se calar nessas horas. Precisa julgar retamente, sem favorecer apaniguados e sem torcer a lei em favor dos poderosos. O trono do rei precisa ser um reduto de justiça e não de conchavos. O rei que rouba ou deixar roubar em seu governo destrói sua reputação e cava uma sepultura para seu governo. Por isso, os reis precisam ser puros, sóbrios, misericordiosos e íntegros. Eis os conselhos de uma mãe!
Rev. Hernandes Dias Lopes