A morte entrou no mundo por causa do pecado e passou por todos os homens, porque todos pecaram. A morte é considerada o rei dos terrores e o último inimigo a ser vencido. A morte ceifa a todos, jovens e velhos, grandes e pequenos, ricos e pobres, rei e vassalos, religiosos e ateus. Ela sempre traz em sua bagagem muito sofrimento. Arranca gemidos doídos de quem é arrancado da vida pelas suas mãos álgidas e lágrimas de saudades em quem fica sentindo a dor do luto.
A morte, porém, foi vencida. Jesus entrou nas entranhas da morte, arrancou o aguilhão da morte, matou a morte e ressuscitou, inaugurando a imortalidade. Agora, a morte não tem a última palavra. A morte foi tragada pela vitória. Jesus é a ressurreição e a vida, e todo aquele que nele crê não morrerá eternamente. Porque Cristo ressuscitou, também nós ressuscitaremos. Porque ele venceu a morte, também nós triunfaremos sobre ela. Como Jesus levantou do túmulo como a primícias de todos os que dormem, nós também receberemos um corpo imortal, incorruptível, poderoso, glorioso, espiritual e celestial, semelhante ao corpo da glória do Senhor Jesus.
A Páscoa não fechou suas cortinas na sexta-feira da paixão. O túmulo de Cristo ficou vazio no domingo da ressurreição. Agora, podemos dizer que bem-aventurados são aqueles que, desde agora, morrem no Senhor. Agora, podemos afirmar que preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos. Agora podemos alçar nossa voz e dizer que morrer é deixar o corpo e habitar com o Senhor. Podemos erguer nosso brado de vitória e dizer que, para nós o viver é Cristo e o morrer é lucro, pois morrer é partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
A ressurreição de Jesus é a pedra de esquina da nossa esperança. Se Cristo não ressuscitou, diz Paulo, o paladino da fé cristã, que a nossa pregação seria vazia e a nossa fé uma crendice vã. Se Cristo não ressuscitou, então seríamos falsas testemunhas de Deus, pois proclamamos que ele está vivo, enquanto a morte ainda o detém. Se Cristo não ressuscitou, então não haveria perdão de pecados nem esperança da glória. Se Cristo não ressuscitou, então seríamos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato Cristo ressuscitou como primícias de todos aqueles que dormem. Primeiro Cristo levantou-se da morte; depois, os que são Cristo, na sua segunda vinda, ouvirão a sua voz e sairão dos túmulos, para a ressurreição da vida.
Com convicção inabalável, afirmamos que, quanto ao passado, a ressurreição de Cristo é um fato histórico incontroverso. Ele ressuscitou e por isso, pode salvar a todos os que nele creem. Um Cristo vencido pela morte não poderia salvar sequer a si mesmo. Cristo ressuscitou e apareceu diversas vezes para diversas pessoas. Quanto ao presente, a ressurreição de Cristo é um artigo de fé. O túmulo vazio de Cristo é a garantia de que deixaremos, para trás, a nossa tumba. O poder da morte foi destronado e, agora, temos uma viva esperança. Quanto ao futuro, a ressurreição de Cristo é a garantia de nossa ressurreição. Porque ele vive, podemos crer no amanhã. Porque ele vive, temor não há.
O fato de crermos na ressurreição dos mortos liberta-nos da tirania do medo e nos arranca das garras da tristeza e do desespero. Não precisamos viver como aqueles que não têm esperança. Outrossim, porque sabemos que Cristo ressuscitou e, também, aguardamos a ressurreição dos mortos, no último Dia, não ficamos de braços cruzados nem paralisados pela inação. Antes, tornamo-nos abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor, nosso trabalho não é vão.
Texto do Reverendo Hernandes Dias Lopes