A Providencia Divina em Tempos Difíceis

Publicado em: 25 de abril de 2020

Categorias: Estudos de Quinta Feira

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Todos temos vivenciado a chegada da Pandemia do Coronavírus (COVID-19) no Brasil nos últimos dias. Sempre que coisas ruins acontecem, perguntas como “onde está Deus?” surgem. Ou ainda “por que Ele deixou isso acontecer?”. Tentando responder, podemos cometer alguns erros como, por exemplo, considerar essa situação como uma vitória (mesmo que momentânea) de Satanás.

Talvez pensemos que existe uma competição e o Diabo passou à frente de Deus e lançou essa maldição sobre a humanidade. Adeptos do movimento de “confissão positiva” entendem que os que ficam doentes estão fracos na fé ou em pecado. Aqueles com uma cosmovisão naturalista ainda podem interpretar que essa crise é uma questão puramente biológica e que temos cientistas trabalhando em laboratórios, epidemiologistas trabalhando na prevenção e toda a equipe de saúde de prontidão para atender os pacientes.

Para abordar rapidamente esse tema, gostaria de usar a pergunta 27 do Catecismo de Heidelberg que define de maneira clara e com exemplos como Deus exerce sua soberania:

27. O que é a providência de Deus?

R: É a força todo-poderosa e presente com que Deus, pela sua mão, sustenta e governa o céu, a terra e todas as criaturas. Assim, ervas e plantas, chuva e seca, anos frutíferos e infrutíferos, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza e todas as coisas não nos sobrevêm por acaso, mas de sua mão paternal.¹

Então, a primeira coisa a se lembrar com o Coronavírus é que essa crise não está fora dos planos e do controle de Deus. Não devemos nos rebelar contra Ele ou perguntarmos: “Que é isso que está fazendo?” (Rm 9.19-21). O governo de Deus é para o louvor de sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia². Tudo o que Ele faz é para a Sua glória e para a salvação dos Seus filhos (Rm 8.28). A providência divina alcança todos os lugares, todas as pessoas e todos os acontecimentos. Não há nada que ocorra no mundo que não esteja sob a determinação e comando de sua vontade. Não há nenhum vírus que apareça e se espalhe “por acaso”, por consequência da natureza ou por puro azar do ser humano (Pv 16.33).

Isso deve ser motivo de descanso para os crentes. Sabemos dos feitos do SENHOR para preservar e abençoar o Seu povo desde Noé, Jó, Abraão, José, Moisés, Davi e tantos outros irmãos na fé que foram colocados à prova e passaram dificuldades, porém foram achados como servos fiéis do Deus vivo.

Paulo explica como isso funciona em Rm 8.18-39. Passamos por sofrimentos e dificuldades aqui por consequência do pecado, porém nada se compara ao que receberemos na glória. Passamos esses momentos com a intercessão do Espírito e a certeza de que a obra do Filho é eficaz e eterna, e nada (“nem a morte”) pode nos separar do amor do Pai.

Texto de Matheus Solino
Presbítero da Igreja Presbiteriana da Lapa (IPB) – São Paulo/SP
Médico – Ginecologista e Obstetra
Médico Residente em Mastologia

REFERÊNCIA

Catecismo de Heidelberg (CH). Domingo 10. Pergunta 27
Confissão de Fé de Westminster (CFW). Capítulo 5. Seção I
CH. Domingo 10. Pergunta 28
Catecismo Maior de Westminster (CM). Pergunta 135
CH. Domingo 40. Pergunta 105
Martin Luther, Works, v. 43, p. 132
John Calvin, Letters of John Calvin, v. 1, p. 358